O Memorial
É uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Porto Velho, em parceria com o SESC e apoio da UNIR, em (re)conhecimento às mulheres Afro-Antilhanas do Madeira que tanto contribuíram com a educação de Rondônia; marcando as margens desse Rio, com seus esforços e conhecimentos na estruturação da rede pública de ensino; mesmo diante das inúmeras dificuldades apresentadas pelo cotidiano; sempre no empenho múltiplo e contínuo (inclusive, exaustivo) de suas habilidades; na direção da conquista ao acesso à educação dos filhos, já frutos da terra; desenvolvendo dessa insistente preocupação, a base de suas oportunidades; além de sempre partir de seus modos e fazeres matriarcais, em constante movimento e troca com a comunidade; com seu corpo-imagem em crescente expansão com a cidade de Porto Velho; na época surgindo; inclusive; em reflexo com essas imagens e saberes na formação de seu cotidiano e das políticas locais; deslocando a cabeça e os braços dessas mulheres negras antilhanas à dianteira da luta pela educação básica; e depois pelo ensino superior público; traçando via Madeira um percurso pioneiro na arte de educar.
A Amazônia, e uma outra imagem Negra
Além disso, ao tocarmos nas contribuições dessas mulheres afro-antilhanas, remontamos importantes impactos causados a partir desses corpos-imagens recém-chegadas a Porto Velho, vindas de uma intensa diáspora oriunda das antigas ilhas inglesas; provocando de imediato significativas rupturas no fluxo das imagens (sujeitas), apregoadas ao corpo-imagem negro; agora, sugeridos à perspectiva de outras imagens apresentadas por si mesmas mais autônomas e visivelmente alinhadas a seus percursos; principalmente na exposição de suas potências, aos poucos, encaixadas na métrica e nos espaços daquele tempo em que o Rio Madeira ouvia Soul e blues.
As populações afro-antilhanas cruzaram o norte do país, chegando em grande número em Rondônia; inclusive todos associados à imagem do “barbadiano”; atualmente ressignificado pela historiadora barbadiana, Cleide Blackman, como afro-antilhanos; Maloney, Johnson, Holder, Blackman, Shockness, Harley, Grumble, Scantbelruy; e outras famílias trazendo nas suas identificações o atravessamento de suas qualificações; além dos diferentes costumes apresentados à terra; mais tarde, expressivos nas vias de acesso da pequena cidade nascendo, hoje capital de Rondônia, também reconhecida como uma terra de descendentes de afro-antilhanos.
Metodologia/Referenciais/Circulação
A primeira etapa deste mapeamento é parte do rol de políticas públicas de enfrentamento à violência e a invisibilidade da Mulher, dentro da jornada de encontros organizado em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra, realizado pela Prefeitura Municipal de Porto Velho em parceria com o SESC-RO e com a Universidade Federal de Rondônia; com organização de Joelna Holder, Anne Cleyanne e Elsie Shockness; e composição curatorial de Marcela Bonfim; utilizando neste mapeamento as referências biográficas da tese da doutora Cleidenice Blackman: Link: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/202237, e também as informações prestadas pelas famílias das mulheres homenageadas, parte fundamental na construção coletiva deste Memorial. O texto base da coluna é um compilado de partes do artigo escrito pela autora Marcela Bonfim, Link: À cabeça de Negro, as imagens (in)visíveis da Cor (unesp.br)
A mostra acontece de 22 de julho a 22 de agosto de 2021, no Mercado Cultural de Porto Velho, apresentando à comunidade portovelhense, 17 personalidades negras antilhanas na educação; a partir das fotografias de Luiz Brito e Marcela Bonfim, mais os arquivos cedidos das famílias das mulheres homenageadas.
Mais referências sobre a importância das mulheres negras antilhanas na cultura e educação, em Rondônia
BURGEILE, Odete. Aspectos Linguísticos e Sociolinguísticos de uma comunidade falante da língua inglesa, em porto Velho - RO - Dissertação (UFPR) - 1989
MENEZES, NIlza. Chá das Cinco na Floresta - 1998.
MENEZES, NIlza. Gênero e Religiosidade na comunidade caribenha de Porto Velho, Rondônia. - 2000.
NOGUEIRA, Mara Genecy Centeno. Estrangeiro negro, sim, mas instrído: um olhar amazônico sobre a presença "barbadiana" no campo das representações sociais em Porto Velho no início do século XX - (Revista Saber da Amazônia) - 2004;
BLACKMAN, Cledenice. Os barbadianos e as contradições da historiografia regional. Monografia (UNIR), 2007.
SAMPAIO, Sonia Maria Gomes. Uma Escola (In)visível: Memórias de Professoras Negras em Porto velho no Início do Século XX - Tese (UNESP) - 2010
NOGUEIRA, Mara Genecy Centeno; SAMPAIO, Sonia Maria Gomes. A cor e a nacionalidade da notícia: imagens dos "Barbadianos" a partir do Jornal Alto Madeira. - Artigo - UFRR - 2020.
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